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 Eleições vão acabar com a monarquia nepalesa

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MensagemAssunto: Eleições vão acabar com a monarquia nepalesa   Eleições vão acabar com a monarquia nepalesa EmptyQui 10 Abr 2008, 18:11

10.04.2008 - 12h38 Francisca Gorjão Henriques
Hoje o Nepal vai ter umas eleições históricas, dizem os analistas. Não é por ser a primeira vez em nove anos que os eleitores vão às urnas. É porque este será um dos grandes passos para acabar com a única monarquia hindu do mundo. Dos votos dos nepaleses sairá uma assembleia constituinte cuja principal tarefa será passar à prática o que os partidos já tinham decidido em Dezembro do ano passado: tornar o país numa república.

As eleições de hoje (adiadas duas vezes no ano passado) constituem o culminar de um acordo de paz que foi assinado em 2006 para pôr fim a uma guerra civil de dez anos e mais de 13 mil mortos. Mas, apesar da atmosfera festiva que invadiu as ruas de Katmandu, os últimos dias vêm lembrar que há muito por fazer no país. A violência pré-eleitoral fez 12 vítimas; só ontem oito pessoas morreram em ataques que os maoístas atribuem aos monárquicos e que estes atribuem aos ex-guerrilheiros.

Cenários de perigo

Este será sem dúvida um ponto de viragem, mas há vários cenários em cima da mesa. Os observadores e a população temem que um mau resultado dos maoístas, que depois do acordo foram chamados a participar no Governo, degenere em confrontos.

Os ex-guerrilheiros, que combateram com a intenção de criar uma república comunista, têm principalmente dois factores contra eles: falta-lhes uma sólida base política e o seu passado está ainda ligado, na cabeça de muitos eleitores, ao derramamento de sangue.

Aliás, muitos continuam a exercer as mesmas práticas do passado, de antes do acordo de paz. As Nações Unidas denunciaram que antigos maoístas foram vistos com armas e uniforme em comícios eleitorais, violando o acordo de paz. Um responsável militar lançou um aviso, citado pela AFP: "Se os maoístas não tiverem um lugar na sociedade, o perigo é realmente sério."

Não há sondagens, mas um mau resultado "é praticamente garantido e pode levar a pressões junto da liderança para que abandone o processo de paz e possivelmente regresse à guerra", afirma por seu lado Krishna Khanal, analista da Universidade Tribhuvan, a maior do Nepal, ao jornal norte-americano Christian Science Monitor.

"Mas é improvável que todo o partido ceda à pressão. O cenário mais provável é que uma facção dos maoístas possa perder a paciência e retomar os métodos violentos."

Espera-se que sejam os maiores partidos, o Congresso Nepalês, de centro-direita, e o UML, de centro-esquerda, a eleger a maioria dos 601 deputados (26 serão nomeados pelo primeiro-ministro). O único partido a concorrer que defende a monarquia é o Partido Nacional Democrata-Nepal, cujo próprio líder, Kamal Thapa, admite ser difícil mantê-la, adianta o CSM.

Uma das tarefas urgentes será colocar os 20 mil antigos rebeldes nas fileiras do Exército. "O sucesso do processo de paz recai largamente sobre a integração bem sucedida dos ex-guerrilheiros numa nova via. Só então podemos dizer que a guerra terminou totalmente", comentou à agência francesa o politólogo Bhasker Gautam.

Os militares à espera

E a resposta para o futuro no Nepal também pode passar pela instituição militar, que, tal como noutros países da região, gosta de interferir na política. "É possível que o Exército tome o poder, já que existem poucos travões e contra-pesos entre os militares e o Governo", avança um oficial superior.

Os nepaleses vão votar, mas será contra a monarquia? Uma sondagem publicada há um mês pela empresa privada Interdisciplinary Analysts dava uma resposta (criticada por alguns elementos do campo pró-rei): 49 por cento apoia o regime que impera há 240 anos. Mas, numa escala de 1 a 10, a popularidade do rei Gyanendra não passa de 2.

O rei já ia nu

Escrevia o New York Times que a monarquia do Nepal está a ser desmembrada dia após dia, muito pela insatisfação popular com o rei Gyanendra. "No que diz respeito à monarquia, a votação é apenas uma formalidade. Já foi apagada da vida quotidiana". O início do fim foi bem claro e nada gradual: em 2001, o príncipe herdeiro matou o rei, seu pai, a rainha e outros sete membros da família real, antes de disparar contra si próprio. Restou o irmão mais novo do seu pai, Gyanendra. Mas longe de salvar o reino, Gyanendra encaminhou-o para o abismo. A Reuters listava brevemente: governou primeiro através de executivos-fantoche, "e depois, num momento de megalomania, tomou o poder absoluto". O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Gyanendra teve de enfrentar a multidão nas ruas. Exigia-se a democracia. Em Abril de 2006, teve de voltar atrás. O vencedor imediato foi a guerrilha maoísta, capitalizando o descontentamento. Gyanendra deixou de poder contar com o Exército, o seu rosto desapareceu das notas e moedas, a mesada anual de 3,1 milhões de dólares foi eliminada e os palácios nacionalizados.

O Feroz enfrenta o primeiro teste nas urnas

Esteve 25 anos na clandestinidade e lutou dez para depor a monarquia no Nepal. Sonha ser Presidente da República. Puspa Kamal Dahal é mais conhecido como Prachanda, O Feroz. Vai pela primeira vez às urnas e prometeu aceitar o veredicto popular. Ninguém espera que os maoístas ganhem, mas também ninguém conta com o seu regresso à selva em caso de derrota, dizia a Reuters. Desde que participam na vida política abandonaram a retórica marxista e maoísta. Advogam um "novo Nepal" (o décimo país mais pobre do mundo); apelidam-se comunistas do século XXI, querem a reforma agrária mas não as nacionalizações, defendem a justiça social, mas sem repudiar a globalização. Mas o "bom comportamento" de Prachanda nem sempre foi seguido pelas facções mais jovens, que o pressionaram para desistir do acordo de paz que assinou em 2006. Uma das batalhas de Prachanda agora é incluir os seus 20 mil homens nos 90 mil das Forças Armadas, o que deverá ser feito por uma comissão. Aos 52 anos, Prachanda, famoso pelo longuíssimo e revirado bigode, continua ser a "besta negra" dos EUA, que inclui a sua organização na lista de grupos terroristas.
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