Milhares de nepaleses em festa concentraram-se ontem junto ao Parlamento, onde os deputados, numa sessão histórica, proclamaram a república, pondo fim a 240 anos de monarquia. O impopular rei Gyanendra tem agora 15 dias para deixar o palácio cor-de-rosa, que será transformado num museu.
'Vamos celebrar o nascimento da república de forma grandiosa', exortava alguém de cima do tejadilho de um táxi através de um altifalante. 'Abaixo a monarquia', gritou em resposta a multidão concentrada junto à Assembleia, onde na véspera tinham tomado posse os deputados eleitos nas legislativas de Abril, ganhas pelo Partido Comunista do Nepal--Maoísta (PCN-M).
Recorde-se que foram os maoístas que exigiram o fim da monarquia após o acordo de paz assinadoem 2006, que pôs termoa uma década de guerra civil sangrenta em que morreram mais de 12 mil pessoas. O Parlamento aceitou a exigência em Dezembro de 2007, tendo então ficado decidido que a monarquia seria abolida este ano e a figura do rei substituída pela do chefe de Estado.
A mais nova república do Mundo tem agora de decidir que poderes terão o presidente e o primeiro--ministro. Terminado este espinhoso processo, a Assembleia nepalesa tem dois anos para apresentar uma nova Constituição.
MASSACRE REAL
Quanto ao rei Gyanendra, diz-se que já saiu do palácio, mas nada se sabe sobre o que vai fazer nem para onde vai residir. O misticismo em torno da família real perdeu-se após o massacre ocorrido em 2001 no palácio, em que o príncipe Dipendra matou o então popular rei Birendra e oito outros membros da realeza. Gyanendra sucedeu-lhe e foi afastado.