O primeiro-ministro da Sérvia, Vojislav Kostunica, pediu ontem aos Estados Unidos que anulem o reconhecimento da independência do Kosovo, proclamada unilateralmente pelos líderes albano-kosovares na semana passada.
O pedido de Kostunica surge no mesmo dia em que o embaixador americano na Sérvia, Cameron Munter, solicitou que o país contenha a violência contra as missões diplomáticas. Recorde-se que, na noite de quinta-feira, manifestantes sérvios atacaram a embaixada dos EUA, como represália à decisão do país de reconhecer a independência de Kosovo.
"Os EUA devem anular a decisão de reconhecer o Estado falso em território da Sérvia e possibilitar que o Conselho de Segurança da ONU reafirme a validade da resolução 1.244, que garante a soberania e a integridade territorial da Sérvia", disse Kostunica à imprensa local.
Na mesma linha, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia qualificou de "cínica" a posição dos EUA sobre o Kosovo. Em comunicado, Serguei Lavrov manifesta "perplexidade" face às declarações de Nicholas Burns, vice-secretário de Estado dos EUA, que acusou o Kremlin de "cinismo" face à situação no Kosovo.
"Será que não é cinismo descarado apoiar apenas a parte kosovar albanesa, desprezar o direito em favor da chamada "racionalidade política, ficar indiferente em relação ao destino de cem mil sérvios, que, no séc. XXI, são de facto empurrados para um gueto?", lê-se no comunicado russo.
Entretanto, vários milhares de pessoas, originárias da Sérvia, manifestaram-se ontem pacificamente em frente à sede da ONU, em Genebra, contra a independência do Kosovo.
Fonte-Público