18.04.2008 - 12h34 PÚBLICO, Agências
O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, que governa o país há 28 anos, disse hoje durante o seu primeiro discurso público pós-eleições que o Reino Unido e o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, estão a conspirar para o derrotarem e para imporem um regime neocolonialista no Zimbabwe. Milhares de pessoas assistiram ao comício de Mugabe. O país vive uma situação de tensão há três semanas, uma vez que os resultados das eleições presidenciais de 29 de Março ainda não foram divulgados oficialmente.
Tsvangirai reclama ter ganho as eleições presidenciais, mas a comissão eleitoral ainda não divulgou os resultados, nem mesmo sob pressão das exigências da comunidade internacional, o que faz supor que Mugabe, eleito pela primeira vez em 1980, não esteja ainda preparado para abandonar o poder.
Falando perante milhares de pessoas, Mugabe disse que o "imperialismo britânico" (o Zimbawe é uma antiga colónia do Reino Unido) está a tentar "repor as regras neocolonialistas". "Enquanto estivermos vivos e enquanto eu respirar... isso nunca acontecerá", disse. "Nunca mais este país será uma colónia britânica", frisou.
O jornal oficial do regime do Zimbabwe reivindica ter obtido uma carta do primeiro-ministro britânico que dá crédito a esta hipótese de tentativa de neocolonialismo, mas a embaixada britânica nega a sua existência, de acordo com a Sky News.
Por seu lado, líder da oposição, Morgan Tsvangirai, indicou que estas alegações, que o envolvem a ele e ao seu partido, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC) são "insultuosas" e acrescentou que Mugabe poderá ser forçado a enfrentar a justiça por abuso dos direitos humanos durante os seus 20 anos de poder.
Noutra frente noticiosa, o "Guardian" avança hoje que o regime de Robert Mugabe está a comprar armas na África do Sul. Tsvangirai indicou, a este propósito, que os cidadão do Zimbabwe não precisam de armas, precisam antes de alimentos. "Isto só vem mostrar a natureza das prioridades deste regime: eles estão mais preocupados com os projectos de manutenção do poder pela força do que com qualquer outra coisa".