Tirem a polícia das ruas, os bandidos matam menos." A faixa, que está pendurada em frente à escola onde estudava Maria Eduarda Barros, uma menina de nove anos morta a tiro na sexta-feira pela polícia de Recife, expressa o descrédito dos brasileiros nas forças de segurança, que em menos de duas semanas mataram quatro inocentes em consequência de trágicos erros. A família de Maria Eduarda não acredita que a morte da menina mude algo.
'A morte da minha irmã não vai servir como exemplo para mudar nada. Enquanto não acontecer algo semelhante com o filho de alguém importante, o filho do governador, o filho do presidente, não vai mudar nada', desabafou Ana Virgínia, irmã mais velha de Maria Eduarda, que ia com ela no carro assaltado num semáforo por criminosos adolescentes e depois metralhado pela polícia quando os ladrões se preparavam para fugir com o produto do roubo mas sem ferir ninguém. Tendo visto um dos assaltantes entrar no veículo, polícias que estavam nas proximidades começaram a disparar contra o carro, onde, além da menina morta, estavam mais quatro crianças, Ana Virgínia e o marido. O homem, duas crianças e um dos assaltantes ficaram feridos.
O caso ocorre duas semanas após a morte de João Roberto, de três anos, atingido a tiro pela polícia do Rio de Janeiro dentro do carro da mãe, confundido com o veículo de criminosos. Dias depois foi a vez da estudante Rafaeli Lima, 21 anos, ser assassinada pela polícia no estado do Paraná por o seu carro ter sido confundido com o de contrabandistas. Na semana passada o vendedor Jefferson Andrade, de 28 anos, morreu ao cobrir com o corpo a filha de três anos durante uma acção policial numa favela do Rio de Janeiro.