Queriam rapazes e nasceram meninas. Os pais não tiveram dúvidas e abandonaram-nas. Aconteceu em Wolverhanpton, no Reino Unido. Uma mulher grávida, de 59 anos, deu entrada no New Cross Hospital acompanhada do marido, de 72 anos, para fazer o parto. Deu à luz duas gémeas saudáveis mas ficou particularmente desgostosa porque, comentou, "tinham o sexo errado".
O casal, de origem indiana, deslocou-se ao seu país para se submeter a um tratamento de fertilização ‘in vitro’ porque nos hospitais públicos britânicos este tipo de tratamento só é feito a mulheres entre os 23 e os 39 anos. Nas clínicas privadas os limites etários são mais alargados, mas ainda assim não é costume aceitarem pacientes com mais de 55 anos.
Após a conclusão do tratamento na Índia, o casal regressou ao Reino Unido, onde reside, com a convicção de que iria ter dois rapazes. O que não aconteceu. Depois da cesariana os médicos aconselharam a mãe a ficar internada uma semana, mas esta ignorou as recomendações e simplesmente desapareceu, deixando as filhas à sua sorte.
Enquanto a polícia investiga o caso, as meninas foram transferidas de hospital, devendo posteriormente ser entregues a um dos centros de acolhimento de bebés da Segurança Social britânica.
Refira-se que em algumas culturas asiáticas os pais preferem os rapazes às meninas. É o caso da Índia, onde as raparigas chegam a ser encaradas como um verdadeiro fardo porque têm de levar dote quando se casam. Na Índia há uma legislação que proíbe o dote e prevê penas pesadas para quem o exigir. A lei permite mesmo que a pessoa que seja alvo de uma denúncia seja presa sem investigação, situação que tem dado azo a que sejam cometidos alguns abusos.