Desde que começaram os ataques xenófobos na África do Sul, há cerca de duas semanas, 13.500 moçambicanos regressaram ao seu país. Também na comunidade zimbabweana muitos preferem voltar e enfrentar o caos na própria terra a ficar à mercê de turbas enraivecidas que atacam barbaramente qualquer estrangeiro que encontram pela frente.
Entre quarta e quinta-feira, mais de quatro mil moçambicanos atravessaram a fronteira. O governo de Maputo qualificou de calamidade este regresso forçado dos compatriotas, tendo decidido pagar as despesas de transporte e reactivar o Centro Nacional de Operações de Emergência. Mais de 70 tendas foram montadas em Beluluane, na Matola, para acolher alguns dos regressados. Refira-se que a comunidade portuguesa está também a ajudar as vítimas da violência. Ontem, o cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Manuel Gomes Samuel, entregou às autoridades sul-africanas mais de uma centena de cobertores e produtos alimentares.
A onda de violência contra estrangeiros iniciou-se no passado dia 12 na cidade de Alexandra, nos arredores de Joanesburgo, e tem vindo a alastrar. Na noite de quinta-feira a violência chegou à Cidade do Cabo, principal destino turístico daquele país. Munidos de paus e de garrafas, grupos de sul-africanos atacaram imigrantes e saquearam lojas de estrangeiros.
O último balanço de vítimas dá conta de mais de 40 mortos e centenas de feridos. Pelo menos 16 mil pessoas ficaram sem abrigo e milhares regressaram aos países de origem.
Uma fuga que está a gerar uma crise no sector mineiro, que muito depende da mão-de-obra imigrante. Numa só mina mais de metade dos mineiros não compareceu ao trabalho.