O Ministério Público está a realizar «novas diligências» no inquérito aos voos da CIA e alegada passagem de prisioneiros por Portugal, após analisar o relatório da organização britânica REPRIEVE, disse esta segunda-feira à Lusa fonte da Procuradoria-Geral da República.
«As investigações prosseguem, tendo sido analisado o relatório da REPRIEVE, o que originou novas diligências que estão a decorrer», precisou à Agência Lusa a mesma fonte.
O caso dos «voos da CIA» teve início em Novembro de 2005, quando o jornal norte-aemricano Washington Post revelou a existência de prisões secretas da CIA em vários pontos do Mundo, tendo rapidamente o assunto passado a ser, sobretudo, o transporte ilegal de prisioneiros suspeitos de terrorismo e os chamados «voos da CIA» que, segundo o Parlamento Europeu, foram uma prática corrente na Europa desde os atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos.
Uma participação da eurodeputada Ana Gones à Procuradoria-Geral da República e outra do jornalista da revista Visão Rui Costa Pinto levaram o Ministério Público a decidir, em Fevereiro de 2007, a abertura de um inquérito-crime, a cargo do Derpartamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), dirigido pela magistrada Cândida Almeida.
Em Janeiro passado, um relatório da organização de direitos humanos britânica RETRIEVE sustentava que mais de 700 prisioneiros foram ilegalmente transportados para a base norte-americana de Guantanamo, em Cuba, «com a ajuda de Portugal» e que pelo menos 94 voos passaram por território português, entre 2002 e 2006, tendo o documento sido incorporado no inquérito em curso no DCIAP e motivado o adiado da conclusão do mesmo, devido à necessidade de analisar os novos dados.
Na altura, o Governo português repudiou o relatório britânico que aponta para a participação activa de Portugal no transporte ilegal de presos para Guantanamo e acusou os autores do documento de tratarem de «forma levina» dados já conhecidos.