A Comissão Europeia anunciou esta quinta-feira a criação de uma nova rede europeia de mulheres no poder, no âmbito da celebração, no sábado, do Dia Internacional da Mulher.
Com esta rede, que será criada este ano, Bruxelas quer «promover o intercâmbio de experiências e de boas práticas nos 27 países da UE», segundo uma nota de imprensa esta quinta-feira divulgada.
Portugal tem mais deputadas
Mulheres trabalham mais mas recebem menos
«Embora a promoção de um maior equilíbrio entre homens e mulheres na tomada de decisão seja em primeiro lugar da competência nacional, a Comissão Europeia apoia estes esforços mediante a recolha, a análise e a divulgação de dados comparáveis sobre as disparidades persistentes entre homens e mulheres, nomeadamente através da sua base de dados sobre homens e mulheres na tomada de decisão», segundo a nota.
A Comissão Europeia salienta ainda que, «apesar dos progressos registados recentemente, as mulheres europeias continuam a ser excluídas dos mais altos cargos políticos e empresariais».
Dados hoje apresentados indicam que na UE, 24 por cento dos deputados são mulheres - eram apenas 16 por cento há dez anos - sendo semelhante a proporção nos cargos ministeriais.
No sector privado, 90 por cento dos administradores das grandes empresas e dois terços dos chefes de empresa são homens.
Progressos lentos
«Os progressos para garantir uma maior presença feminina nos lugares de decisão têm sido demasiado lentos. Se acreditamos nos valores democráticos, não podemos excluir metade da população das estruturas do poder», afirmou o comissário europeu para a Igualdade de Oportunidades, Vladimír Spidla.
«A igualdade entre homens e mulheres também é benéfica para as empresas. As nossas economias têm de aproveitar plenamente todos os nossos talentos se pretendemos fazer face à concorrência mundial», acrescentou.
O relatório «Homens e mulheres na tomada de decisão 2007 - Situação actual e tendências» revela que a percentagem de deputadas nos parlamentos nacionais aumentou em cerca de 50 por cento: de 16 por cento em 1997 para 24 por cento em 2007.
Esta proporção ainda está longe de atingir o nível da massa crítica de 30 por cento, considerada necessária para que as mulheres possam efectivamente influenciar a política e que só se verifica no Parlamento Europeu, com 31 por cento de mulheres.
Segundo o relatório, em média, há mais homens a ocupar cargos ministeriais nos governos nacionais, à razão de cerca de três para um, correspondendo os homens a 76 por cento e as mulheres a 24.
Além disso, as mulheres estão muito sub-representadas na tomada de decisão na esfera económica, sendo que os bancos centrais dos 27 Estados-Membros da UE são dirigidos por homens.
