Decorria o ano 1963
Partia para Angola
Parti, pela madrugada
Sem acordar minha mãe
Essa mulher tão lembrada
Saudades, quem as não tem ?
Assim não me viu partir
P'ra essa guerra, castigo
Hoje, custa sem sentir
Tanto mais, que nada digo.
Eu, cumpri o meu dever
Transbordava de alegria
Pela pátria defender
E eu senti que sorria
Regresso mais tarde ao lar
Ninguém contava comigo
P’ra minha mãe abraçar
Com saudades, no sentido
Tarde é, incongruentes
P’ra cumprirem o dever
E vos fazer mais decentes
Antes de todos nós morrer
Foram desses militares
Que esta Nação fizeram
Para hoje tais azares
Como só eles mereceram?
Suas vidas acabadas
Não de velhos, mas de saúde
E de tantas macacadas
E isso, não há quem mude ?
Em cima, chamo, e repito
Á nossa custa estais bem
Jamais em vós acredito
Julgais enganar a quem ?
Aguardada á quantos anos ?
A recompensa por tal
Reflectida em enganos
Mas é isto Portugal !
Onde uns, vivem melhor
Outros, nem vivem porém
Apesar de seu furor
Já nem passam de alguém
Os dias passam apenas
Iguais tão, diferentes
Com tantas coisas pequenas
Que fazem incongruentes?
Assim acabam, esquecem
Quem tanto deu á Nação
Os mais novos desconhecem
Afinal, quem tem razão !
Quando tantos já partiram
Embora alguns estejam
Lamentos, quantos sentiram
Em lugar onde se vejam
Desgostosos que viveram
Grande parte em sua vida
Que eles, nada entenderam
Dessa luta desmedida
Porém, fizeram-lhes crer
Que os iriam olhar
De maneira, a todos ter
Bem estar, para acabar
Refiro-me aos militares
Esses, que a saúde deram
“des” considerados azares
Não esquecem o que fizeram.
Decorridos estes anos
Já sem conta, com que sorte
Existem quantos enganos
Sobre nós, devido ao porte ?
Decorridos são demais
Esses anos sobre nós
Haverá outros rivais
Que nunca tiveram voz ?
Esquecidos que vivemos
E até tantos doentes
Desde que dali viemos
Temos sido pacientes
Agora essa códea dada
Como quem a dá a um cão
Tentam calar sem mais nada
Escondendo a razão
Quando alguém escreveu
Acerca destas injustiças
Que tanto militar sentiu
Em tantos, grandes cobiças
A Angola me refiro
E o norte, conhece bem
Á tantos anos confiro
Ser a terra de ninguém
Onde tantos a cobiçam
Pela riqueza que tem
E assim tanto a enguiçam
Mas a outros sabe bem
Assim tanto militar
Se achando injustiçado
Porque há sempre alguém
Cada vez mais acabado
autor :::Artur Fernandes