Mexicanos dizem não à violência

De velas na mão, vestidas de branco e entoando o hino mexicano, mais de 150 mil pessoas manifestaram-se sábado à noite na Cidade do México contra a onda de violência que tem assolado o país. Foi a trágica morte, este mês, de Fernando Martí, um jovem de 14 anos sequestrado e depois assassinado, que emocionou o país e desencadeou este movimento de indignação.

O protesto foi promovido por líderes de várias organizações civis e nem a forte chuva que se fez sentir demoveu os manifestantes, que durante cerca de três horas e sob o tema "Iluminemos o México", gritaram palavras de ordem como: "Queremos paz e segurança", "Basta de sequestros" e "Basta de violência". Na marcha participaram cidadãos de todas as idades e classes sociais, incluindo figuras públicas como a cantora Thalía e o apresentador de televisão Adal Ramones, ambos vítimas de sequestro.

"É muito frustrante, é a terceira marcha nos últimos onze anos [1997, 2004 e 2008], e os protestos continuam a ser os mesmos" afirmava indignado o director do diário ‘El Universal’,Raymundo Palacio.

Ao cair da noite soaram os sinos da Catedral Metropolitana e os protestantes depositaram milhares de velas acesas junto ao monumento do Anjo da Independência. Após cantar o hino do México, a população dispersou silenciosamente.

Só este ano cerca de três mil mexicanos morreram vítimas do crime organizado. A semana passada foi uma das mais sangrentas dos últimos meses com dezenas de mortos, entre eles a macabra descoberta de 11 corpos decapitados numa vala na Península do Iucatão e a morte de duas mulheres e duas crianças num ataque de membros do narcotráfico.