O ministro da Administração Interna garantiu esta segunda-feira que o Governo e a polícia não cedem a ultimatos ou pressões. Rui Pereira respondeu assim ao aviso da comunidade cigana do Bairro Quinta da Fonte, de que pode juntar em Loures ciganos de todo o país para uma concentração.
As 53 famílias que se encontram em frente à Câmara de Loures exigem ser realojadas noutros bairros e advertiram que, caso não seja encontrada uma solução rapidamente, podem avançar para uma manifestação que junte elementos da comunidade cigana de todo o país.
Rui Pereira não se mostra preocupado com o eventual protesto, considerando que todos os cidadãos podem manifestar-se se cumprirei a lei. No entanto, o ministro avisa que as pessoas não podem ocupar um espaço público por tempo indeterminado, referindo-se ao acampamento da comunidade cigana no jardim em frente à autarquia de Loures, que decorre desde quinta-feira.
Hoje realiza-se no Bairro uma Marcha pela Paz, que juntará várias etnias, e Rui Pereira mostra-se confiante numa solução pacífica para o conflito.
Para a comunidade cigana que abandonou a Quinta da Fonte, não há qualquer hipótese de regressar ao Bairro, e o porta-voz das 53 famílias ciganas admite que a maior parte já começa a “perder a paciência”. “Ninguém nos diz nada. Os nossos governantes tratam-nos como se fossemos lixo”, acusa José Fernandes.
Às iniciativas de realização da Marcha da Paz e da pintura de um mural no bairro, o representante da comunidade cigana responde que “a paz só será alcançada com acções concretas e não simbólicas”.
“Eu não acredito em nada disto. A paz começa a partir da segurança”, frisou, sustentando que “quando há paz não é necessário existir polícia na rua”.
José Fernandes reitera ainda que a Quinta da Fonte “está terminada” e acusa os responsáveis políticos de os estar “a empurrar para o suicídio”.